Rubem Alves


Voltei a minha rotina deliciosa da leitura... minha única fonte de leitura deliciosa estava sendo a bíblia... as outras leituras eram mais por necessidade...

Necessidade para ministrar no encontro.

Necessidade para preparar aulas...

Agora, além da bíblia voltei a ler os meus livros chamados "seculares"... rsrs...

Resolvi estrear com Rubem Alves – ostra feliz não faz pérola – Ed. Planeta, 2009.

Ontem, depois de fazer faxina e fazer a unha – achei um lugar bem pertinho – na mesma rua onde moro. Pintei de laranja... minhas unhas ficaram lindinhas! Kakaka... então...depois de tudo isso, dormi uns 40 minutos e acordei com vontade de ler... não queria ver TV, nem computador, nem ouvir música e também não queria voltar a dormir... olhei para os meus livros, tenho vários que ainda não li...

Olhei para Rubem Alves e ele olhou pra mim... risos... li a primeira página, a segunda... e... estou na página 60... MARAVILHOSO...

Achei que fosse alguma das muitas estórias de Rubem Alves, mas não... são várias estórias, como se fosse um diário, coisas que ele escreveu em algum caderno, citações, situações, informações, piadas...rs... tudo você encontra nesse livro... não tem um começo e imagino que não tenha fim... ele fala de religião, de Deus, educação, política, sentimentos como amor, inveja, notícias... e transformou tudo isso em livro...eu adorei... muito!

Eu vou, ao longo dessa leitura, colocar algumas coisas dele que eu achar interessante... e olha só, em 60 páginas, já há muitas que eu gostaria de compartilhar, mas vou escolher só algumas... já dei muitas boas risadas lendo o livro, e, particularmente, eu adoro livros que me fazem dar risada... sozinha... sempre...

Para começar, vou colocar a história da ostra... achei muito show. Acompanhe! Vou grifar algumas coisas que mais me chamaram à atenção.


"Ostras são moluscos, animais sem esqueletos, macias, que são as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, de pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas - são animais mansos - seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem.

Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostras felizes porque de dentro de suas conchas, saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário... Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste... As ostras felizes riam dela e diziam: "Ela não sai da sua depressão..." Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado dentro da sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor.

O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de sua aspereza, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava o seu canto triste, o seu corpo fazia o seu trabalho - por causa da dor que o grão de areia lhe causava.

Um dia passou por ali um pescador com seu barco. Lançou a sua rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-a para sua casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras, de repente seus dentes bateram num objeto duro que estava dentro da ostra. Ele tomou-a em suas mãos e deu uma gargalhada de felicidade; era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele tomou a pérola e deu-a de presente para a sua esposa. Ela ficou muito feliz. Isso é verdade as ostras. E é verdade para os seres humanos...A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável. A felicidade é um dom que deve ser simplesmetne gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer. Assim são os artistas. Beethoven - como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria?..."


Até a próxima...

Beijos...

Liz



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